quinta-feira, março 24, 2011

Dia Mundial da água

Um Rio de promessas não cumpridas

Publicado em 22.03.2011, no Jornal do Commercio. Por Cleide Alves e Verônica Falcão.

Em tupi, Beberibe é rio que vai e vem, numa referência ao movimento das marés, mas bem que poderia se chamar rio das promessas. Mais precisamente, das promessas não cumpridas. A última delas foi feita há dois anos, quando o governo anunciou a revitalização do curso-d’água. O projeto, orçado em R$ 63 milhões, tinha previsão de 24 meses para ser concluído.

Financiado pela Caixa Econômica Federal, o dinheiro seria usado no revestimento das margens com concreto, nos trechos em que o rio corta áreas urbanas, e com vegetação nativa nos que passa por áreas desabitadas. Renaturalização era o nome dado ao serviço, a cargo da Secretaria de Recursos Hídricos.

O projeto não saiu do papel. Hoje, o que a secretaria prevê é a dragagem da foz. “O Beberibe foi dividido em seis trechos. Vamos começar pelo último, porque acreditamos que, com a calha aprofundada na foz, a água correrá com mais facilidade, devolvendo aos poucos à vida ao rio”, diz o gerente de Obras de Saneamento da secretaria, Augusto Dantas.

Serão dragados 600 mil metros cúbicos de sedimentos, o que resultará, segundo a secretaria, no aprofundamento de 2,3 metros da calha. O trecho final do rio, com extensão de 23,7 quilômetros, tem 2,2 quilômetros. Vai do trecho sob a ponte da Avenida Olinda até os fundos do Palácio do Campo das Princesas, quando se encontra com o Rio Capibaribe.

A draga passará um ano retirando a lama e jogando a 2,3 quilômetros de distância, no alto-mar. “Estamos concluindo o termo de referência com o detalhamento do serviço. O edital de licitação será publicado em abril. Entre julho e agosto, emitiremos a ordem de serviço para a empresa vencedora iniciar a obra”, detalha o engenheiro. O valor da dragagem, segundo ele, não pode ser revelado para evitar o superfaturamento das propostas.

A renaturalização não é a única promessa não cumprida para o Beberibe. Em 2003, o governo do Estado fez o lançamento festivo de programa com ações de drenagem, saneamento, pavimentação de ruas, abastecimento d’água, construção de moradias populares, revestimento de canais e equipamentos urbanos, inclusive terminais de ônibus.

Umas das poucas ações do Prometrópole cumpridas foram a recuperação do antigo Matadouro de Peixinhos, que hoje abriga o centro cultural Nascedouro de Peixinhos, a urbanização do Canal de Jacarezinho, em Campina do Barreto, o prolongamento da Avenida Professor José dos Anjos, do Arruda até Peixinhos, e moradias. Na época, o governo atribuiu à desvalorização do dólar o fato de o programa não ter andado. O contrato de US$ 84 milhões (metade do Banco Mundial e o restante contrapartida local) equivalia, em 2003, a R$ 320,8 milhões. Três anos depois, a R$ 178,9 milhões.

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