sexta-feira, maio 13, 2011

AFINAL, O QUE É MODA SUSTENTÁVEL?


Fonte: Djalma Junior

Nos últimos anos, desde a ECO-92(Conferência das nações unidas sobre o meio ambiente e o desenvolvimento), a quantidade de informação produzida nos meios de comunicação sobre meio ambiente tem aumentando exponencialmente. O objetivo dessa conferência era encontrar meios de conciliar o desenvolvimento econômico com a conservação da biodiversidade da terra. Responsabilidade sócio-ambiental virou a tônica dessa nova sociedade de consumo

Em se tratando de moda 450 milhões de peças de camisetas são produzidas por ano. De acordo com estudo do IISD (Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável), para confeccionar uma camiseta de 250 gramas, na China, utiliza-se, em média, 160 gramas de agrotóxicos. Uma pesquisa do Departamento Agrícola dos Estados Unidos aponta ainda que cerca de um terço dos pesticidas e fertilizantes produzidos no mundo são pulverizados sobre o algodão.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que 25% dos inseticidas produzidos mundialmente são utilizados na plantação do algodão e quase metade deles são extremamente tóxicos. O Aldicarbe (ou Temik 150) é, por exemplo, o segundo pesticida mais utilizado na produção de algodão mundial e apenas uma gota dele, absorvida pela pele, é suficiente para matar um adulto. Pesquisas afirmam que o algodão entre os produtos que precisam de controle ambiental. Isso levou a alguns astros como Jason Mraz se apresentarem em eventos importantes como Grammy usando terno de plástico reciclável. Dentro desse contexto levante o seguinte questionamento: o que é moda sustentável? Essa pergunta seria respondida com mais propriedade se tivéssemos profissionais que não costumam estar na linha de frente do mundo da moda como engenheiros da área têxtil com embasamento em estudos de impacto ambiental.

A roupa genuinamente orgânica só será produzida com um preço acessível quando profissionais da área da moda como estilistas, designers trabalharem em conjunto com profissionais da área de gestão ambiental. Dificuldades existem, pois, para ser qualificado como orgânico, o algodão ou lã precisam passar por inspeções e processos sofisticados para não serem tocados por produtos químicos e substâncias tóxicas. Mas a indústria têxtil mundial encontra grande dificuldade para definir os padrões de qualidade mínimos necessários à criação de um produto realmente orgânico e sustentável.

No Brasil, diversos produtores da Paraíba já trabalham com a IFOAM (International Federation of Organic Agriculture Movements) para atender à legislação referente a produtos orgânicos da Comunidade Européia e dos Estados Unidos. Em 2007, cerca de 7.500 hectares nos Estados Unidos foram dedicados à safra de algodão orgânico. E programas como o “North American Organic Fiber Processing Standards” já estão se popularizando junto à indústria da moda.

Além da indústria têxtil o campo a moda está se mobilizando. Em fevereiro de 2010, na Fashion Week de Londres, a exposição “Estethica” foi dedicada à moda ecologicamente sustentável. Em março de 2010, o Fashion Institute of Technology em Nova York, uniu forças com a Universidade de Delaware e com a escola de design Parsons para montar uma exposição de moda sustentável, intitulada “Passion for Sustainable Fashion”, na qual os estudantes criaram roupas com matérias de origem ética e matérias-primas ecologicamente neutras.

Outra alternativa é a Upcycling que é processo de transformar resíduos ou produtos inúteis e descartáveis em novos materiais ou produtos de maior valor, uso ou qualidade. O terno de Jason Mraz é um grande exemplo. A grande dificuldade é fazer a Upcycling em escala comercial.

É imperativo que possamos repensar nossas práticas de consumo e nos conscientizar de que sustentabilidade não se trata de modismo e sim de algo sério e que deva ser abordado de forma coerente e educativa.

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