quarta-feira, maio 25, 2011

Aprovação do Código Florestal: heróis ruralistas x vilões ambientalistas

A reforma do Código Florestal foi aprovada na última terça, 24 de maio, na Câmara dos Deputados, depois de mais de três semanas de adiamento e discussões, nada produtivas. Foram exatos 410 votos a favor da aprovação do texto do Dep. Aldo Rebelo (PC do B-SP), que ao final da votação foi ovacionado e homenageado por sua fibra em defesa do progresso, e bem estar do povo brasileiro.

Para quem gostaria de saber o que muda realmente com a aprovação do novo Código Florestal, recomendo os textos publicados aqui no E esse tal meio ambiente?, e em tantos outros blog ambientais e sites de notícias, que discutiram e apresentaram a temática. Porque o intuito deste post não é apresentar o conteúdo do texto, ou as emendas incluídas na proposta do Dep. Aldo Rebelo, quero neste post analisar um pouco dos discursos dos deputados na sessão de ontem, e nas anteriores, que debateram o Código Florestal.

Em seus discursos, deputados que não pertenciam até o momento a bancada ruralista, por motivos diversos, passaram a defender a aprovação da proposta do Dep. Aldo Rebelo, como se fossem uma questão de vida ou morte, ou ainda pior, do bem contra o mal. Deputados que nunca se lembraram da existência da agricultura familiar, ou do pequeno agricultor, passaram a usá-los como justificativa para aprovação do Código Florestal, no texto da proposta a agricultura familiar nem é ao menos citado.

Quem era/é contra a reforma do Código Florestal é contra a agricultura familiar, é contra o pequeno agricultor, foi isso que, os Excelentíssimos Deputados deixaram claro em seus discursos. Os ambientalistas são contra aqueles que alimentam o povo e sustentam este país. O que é uma inverdade. Quem é contra o texto do Dep. Aldo Rebelo, e me incluo aqui, não é contra a agricultura familiar, até porque a proposta somente beneficia os grandes ruralistas, e esquece o pequeno produtor.

O Brasil possui uma imensa área já utilizada para plantio – e mal utilizada na grande maioria das vezes. Uma reforma agrária justa e eficaz, melhoria nas estradas que são utilizadas para escoar a produção, e centenas de outras questões que não envolvem anistia, ou mais desmatamento, poderiam ser feitas para evitar um possível problema no abastecimento.

Contudo, o que mais me chamou atenção nos discursos dos deputados que defendiam o texto do novo Código Florestal foi à utilização da tática de colocar os ambientalistas como vilões, e não foram poucos que usaram desta artimanha.

O Dep. Geovani Cherini (PDT-RS) chegou a dizer que os ambientalistas deviam lutar contra as Angras, coisa que segundo o deputado, eles nunca fizeram. Sinceramente, não sei em que mundo o Deputado vive, mas posso afirma que ele é um desconhecedor da luta ambiental brasileira, e da luta contra as construção de usinas nucleares no Brasil.

Porém, o momento de maior pesar para aqueles que acompanhavam as discussões sobre a votação, foi quando o Dep. Sarney Filho comunicava o assassinato do líder extrativista Zé Claudio e de sua esposa, Maria do Espírito Santo da Silva, sobe forte vaia de alguns deputados. José Claudio Ribeiro da Silva era considerado o sucessor de Chico Mendes, e vinha recebendo ameaças de madeireiros da região desde 2008.

Não sei se o que os deputados vaiaram, mas perderam uma grande oportunidade de ficarem calados, e de mostrarem sua humanidade. A morte do Zé Claudio e de sua esposa mostra o quão os defensores do desenvolvimento sustentável e da proteção ambiental são ameaçados e vitimas da ganância dos poderosos deste país.

Não sou a favor da polarização, e não acredito que aqueles que defendiam a não aprovação do texto do Dep. Aldo Rebelo queriam essa dualidade que foi construída pelos deputados, tornando os ruralistas em heróis nacionais, e os ambientalistas em vilões. Destruíram uma discussão que poderia colocar o Brasil em um novo caminho, que levasse ao desenvolvimento ético, e sustentável. Que colocaria o Brasil no mais alto patamar sobre as discussões ambientais, e como exemplo mundial. Contudo, eles preferiam fechar as discussões, minimizar a importância da preservação florestal, e visar somente o lucro, e seus bolsos.

Fonte: Blog E Esse Tal Meio Ambiente?

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