terça-feira, julho 19, 2011

SUSTENTABILIDADE E A COPA DE 2014

Muito mais do que seleções disputando um título em estádios lotados com pessoas alegres, a Copa é uma indústria que movimenta bilhões de dólares, atua em diversos setores da economia e gera muitos empregos. Muitos mesmo. Para 30 dias de celebração mundial, ela requer anos de preparação e uma cadeia produtiva altamente impactante para o meio ambiente.

A Copa do Brasil já está sendo chamada de COPA LIMPA ou COPA SUSTENTÁVEL, porém, para que a mesma possa ser realizada é preciso resolver dois problemas fundamentais: o do transporte e da construção civil. Quem mora nas grandes cidades sofre com a precariedade dos transportes públicos sendo obrigado a se deslocar com veículos particulares para uma mobilidade diária.

No que diz respeito à construção civil, por mais que haja uma ampla discussão da sustentabilidade do setor sabe-se dos grandes impactos ambientais provocados por esse tipo de atividade. Sem falar que na copa haverá a necessidade urgente de construção e reforma no setor hoteleiro, modernização e construção de novos estádios.

Outros problemas além dos citados precisam ser resolvidos como investimento em fontes de energia menos impactantes como a energia solar e eólica, mecanismos que possibilitem a captação de água de outras fontes como a da chuva, sistemas de reuso para utilização nos estádios para fins menos nobres, como a drenagem dos estádios e a utilização em banheiros. Obras como essas são estruturadoras, caras e demoradas podendo ser comprometidas por questões políticas, principalmente em anos eleitorais.

Um documento muito interessante de se ler é o “Green Goal Legacy Report”, que é um reporte dos impactos ambientais ocorridos na Copa da Alemanha, quando o meio ambiente entrou no programa do evento pela primeira vez. A premissa, ou o “green goal” era que todos os efeitos adversos no meio ambiente associados à organização da Copa do Mundo deveriam ser reduzidos ao máximo possível.


Uma série de metas foram estabelecidas nos pontos mais importantes, principalmente transporte, consumo de água e energia e mudanças climáticas. O Green Goal Legacy Report se focou, basicamente, nos impactos gerados no evento, como a redução de consumo de água nos estádios, por exemplo. No entanto, sabemos que uma torneira aberta por um turista no banheiro do seu quarto do hotel também é um impacto causado pela Copa naquela região.


E é ai onde a COPA de 2014 no Brasil poderá fazer a diferença: uma COPA focada na sustentabilidade. Ao contrário da Alemanha que sediou a COPA de 2006, o Brasil ainda é iniciante em infra-estrutura e desenvolvimento sustentável e apesar de todos os percalços políticos causados pelo processo gerados pelas obras de grande porte, existe a possibilidade de se ter sucesso na organização do evento.


Problemas estruturais à parte devemos nos concentrar nos ganhos que o país terá em sediar uma copa do mundo. Não só no que se refere à turismo, infra-estrutura e mobilidade urbana, Falo do legado de conhecimento, de know-how e de mudança de postura, tanto dos cidadãos quanto das empresas, estejam elas envolvidas com a Copa ou não.

2 comentários:

  1. Muito bom o seu texto, parabéns. Um aspecto que devemos também levar em consideração e que ocorreu em diversos países pós copa, é o lixo ambiental que ficou para trás. Estádios sem o menor sentido e sem uso, estradas que não leva ninguém a lugar algum. O povo depois da Copo volta a continuar com seu costume de outrora, ai sim nos preocupa a falta de compromisso e responsabilidade dos governantes no após copa.

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  2. É verdade Roberto. Precisamos nos preocupar com todos os resíduos que a copa nos deixará.É necessário planejamento para o que fazer depois da festa.

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