sexta-feira, janeiro 21, 2011
Enchentes: soluções técnicas ou políticas?
Foco Ambiental: Alagamentos e inundações no Recife
Por professor Ricardo Braga
Se olharmos o mapa de relevo, veremos que Recife, Olinda e Jaboatão possuem uma planície costeira muito baixa, quase ao nível do mar, rodeada de morros de 60 a 100 metros de altura, em semi-círculo. Podemos dizer que essas cidades formam um grande anfiteatro, onde os morros são as arquibancadas, a planície é o palco, e céu e mar compõem o cenário.
Originalmente as matas cobriam os morros e garantiam a infiltração das águas de chuva, retendo-as para liberar devagarzinho, atenuando as enxurradas e, em conseqüência, o pico das enchentes. Na planície, mesmo assim os riachos enchiam, mas podiam se espalhar em seu leito natural expandido, que eram as várzeas. Depois dezenas de riachos drenavam facilmente águas para os rios Beberibe, Capibaribe, Tejipió e Jaboatão.
Hoje, quando chove forte, casas que ocuparam o morro desmatado, escorregam pela barreira levando sonhos de seus moradores. Outras, na planície, são inundadas de maneira implacável pelas águas apressadas. Que destino caótico de nossa gente, particularmente a de menor renda!
Mas é a história da ocupação dos espaços quem determinou o caos. A cidade impermeabilizou o solo com as edificações e pavimentações, fazendo com que a vazão do escoamento das águas se multiplicasse por até seis vezes quando chove; a erosão dos morros traz junto com as enxurradas a lama de barro e areia; os riachos passaram a ser canais, considerados pela população como local de despejo de esgoto e lixo, dificultando dramaticamente a passagem da água; a carência de áreas de habitação levou à ocupação das margens dos cursos d´água, não deixando alternativa para as águas apressadas, se não recuperar a sua várzea à força.
Resultado: alagamentos, pela dificuldade de drenagem nos lugares onde a chuva cai; e inundações, pelo transbordamento de riachos e canais.Mesmo que todas as causas sejam explicáveis, não é fácil mudar o cenário, que se repete a cada ano. Vê-se que o esforço das prefeituras em limpar os canais e coletar regularmente o lixo é indispensável, mas insuficiente.
Por parte da população, é preciso uma tomada de consciência de que cada um contribui para o caos quando corta e ocupa a barreira em lugares de risco de desmoronamento, espalha lixo como se o espaço fosse de ninguém, obstrui a microdrenagem com a construção de casas, muros e passagens de pedestres, e ocupa as margens dos riachos e canais, não deixando espaço sequer para a sua limpeza.Por parte do poder público, parece ser necessária uma postura mais determinada e menos paliativa, exigindo a elaboração do Plano Diretor Metropolitano de Drenagem Urbana, integrando os municípios na mesma estratégia de solução. Esta, por sua vez, implica em medidas estruturais inovadoras, como reservatórios de amortecimento de cheias em algumas descidas de morros. Ao mesmo tempo, são fundamentais medidas de educação, que possibilitem o reconhecimento pela sociedade que vive nas áreas afetadas, da importância da atitude preventiva, antes que o afogamento seja inevitável.
quinta-feira, janeiro 20, 2011
MARCO MAIA DEFENDE PROJETO DE CÓDIGO FLORESTAL
Fonte: Blog do Inaldo Sampaio
O deputado Marco Maia (PT-RS) preside hoje (20) reunião da comissão representativa do Congresso (que funciona durante o recesso parlamentar) para discutir medidas de emergência depois das enchentes na região serrana do Rio.
O deputado defende a manutenção do texto do Código Florestal em tramitação na Casa e afirma não ver motivos para mudanças na redação do texto depois que o relator, deputado Aldo Rebelo(PC do B-SP), disse que o projeto não incentiva ocupações irregulares do solo.
Na reunião de hoje da Comissão, os deputados e senadores vão aprovar a criação de comissão externa para visitar as áreas de risco, assim como referendar a criação de outra comissão na Câmara que vai reunir todos os projetos relacionados às catástrofes que tramitam na Casa.
É lamentável que nesse momento de tragédia não se faça uma reflexão sobre ordenamento urbano. Essa discussão passa pelo código florestal que define normas de uso e ocupação do solo. A população é a que mais sai perdendo com a aprovação desse código florestal que declara anistia a latifundiários e incentiva a ocupação em áreas de preservação ambiental.
AFINAL, O QUE É MODA SUSTENTÁVEL?
Jason Mraz e seu “eco-tux” feito com garrafas pet recicladas
Fonte: Prof. Djalma Junior
Nos últimos anos, desde a ECO-92(Conferência das nações unidas sobre o meio ambiente e o desenvolvimento), a quantidade de informação produzida nos meios de comunicação sobre meio ambiente tem aumentando exponencialmente. O objetivo dessa conferência era encontrar meios de conciliar o desenvolvimento econômico com a conservação da biodiversidade da terra. Responsabilidade sócio-ambiental virou a tônica dessa nova sociedade de consumo.
Em se tratando de moda 450 milhões de peças de camisetas são produzidas por ano. De acordo com estudo do IISD (Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável), para confeccionar uma camiseta de
A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que 25% dos inseticidas produzidos mundialmente são utilizados na plantação do algodão e quase metade deles são extremamente tóxicos. O Aldicarbe (ou Temik 150) é, por exemplo, o segundo pesticida mais utilizado na produção de algodão mundial e apenas uma gota dele, absorvida pela pele, é suficiente para matar um adulto. Pesquisas afirmam que o algodão entre os produtos que precisam de controle ambiental. Isso levou a alguns astros como Jason Mraz se apresentarem em eventos importantes como Grammy usando terno de plástico reciclável. Dentro desse contexto levante o seguinte questionamento: o que é moda sustentável? Essa pergunta seria respondida com mais propriedade se tivéssemos profissionais que não costumam estar na linha de frente do mundo da moda como engenheiros da área têxtil com embasamento em estudos de impacto ambiental.
A roupa genuinamente orgânica só será produzida com um preço acessível quando profissionais da área da moda como estilistas, designers trabalharem em conjunto com profissionais da área de gestão ambiental. Dificuldades existem, pois, para ser qualificado como orgânico, o algodão ou lã precisam passar por inspeções e processos sofisticados para não serem tocados por produtos químicos e substâncias tóxicas. Mas a indústria têxtil mundial encontra grande dificuldade para definir os padrões de qualidade mínimos necessários à criação de um produto realmente orgânico e sustentável.
No Brasil, diversos produtores da Paraíba já trabalham com a IFOAM (International Federation of Organic Agriculture Movements) para atender à legislação referente a produtos orgânicos da Comunidade Européia e dos Estados Unidos. Em 2007, cerca de
Além da indústria têxtil o campo a moda está se mobilizando. Em fevereiro de 2010, na Fashion Week de Londres, a exposição “Estethica” foi dedicada à moda ecologicamente sustentável. Em março de 2010, o Fashion Institute of Technology
Outra alternativa é a Upcycling que é processo de transformar resíduos ou produtos inúteis e descartáveis em novos materiais ou produtos de maior valor, uso ou qualidade. O terno de Jason Mraz é um grande exemplo. A grande dificuldade é fazer a Upcycling em escala comercial.
É imperativo que possamos repensar nossas práticas de consumo e nos conscientizar de que sustentabilidade não se trata de modismo e sim de algo sério e que deva ser abordado de forma coerente e educativa.
quarta-feira, janeiro 19, 2011
A nova camisa(ecologicamente correta) da seleção brasileira
Fonte: VitorHS- Esse tal meio ambiente
Desde a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, a seleção brasileira veste a amarelinha com um novo tipo de tecido, um poliéster a base de garrafas PET recicladas. E no dia 31 de Janeiro será lançada a nova camisa da seleção brasileira, com algumas novidades visuais e tecnológicas.
A principal novidade e a mais impactante é a faixa verde no peito, que a primeira vista parece algo solto no meio da camisa, entretanto, há um significado pra essa faixa verde. Ela representa um ‘escudo guerreiro’, com inspiração nas pinturas que os indígenas faziam em seus corpos antes das batalhas, e assim, ‘fechar o corpo’ dos nossos jogadores.
Quanto à tecnologia do tecido, a fornecedora oficial de materiais esportivos da seleção (Nike), informou que todo o uniforme será confeccionado com base em tecidos ecológicos, produzidos a partir de garrafas PET recicladas, e sua evolução tecnológica será considerável em relação ao modelo anterior.
Continuando a inovar, dessa vez os calções e as meias também compartilharão da mesma tecnologia das camisas, o que nos permite dizer que o uniforme todo da seleção brasileira será ecologicamente correto.
Isso comprova a força que a Moda Sustentável vem ganhando a cada dia, conquistando consumidores e pressionando a indústria a desenvolver novas e melhores tecnologias têxteis, sempre com o objetivo maior de preservar o meio ambiente.
E você, o que achou da nova camisa (ecologicamente correta) da nossa querida Seleção Brasileira?
terça-feira, janeiro 18, 2011
ANTES TARDE DO QUE NUNCA
O estado de Pernambuco ganha a partir do segundo mandato do governador Eduardo Campos, uma secretaria de meio ambiente. Entregue ao PV, mais especificamente ao ex-candidato ao governo do estado Sérgio Xavier, a secretaria terá parte dos cargos e do orçamento da antiga secretaria de ciência, tecnologia e meio ambiente e a administração da agência estadual de meio ambiente(CPRH) e do parque de Dois Irmãos. Segundo Sérgio Xavier o Governador se comprometeu em cumprir os 15 pontos programáticos apresentados como por exemplo o de mobilidade urbana incentivando a produção de carros elétricos para transportes coletivos. Sérgio ainda afirma que os seus eleitores irão apoiar essa decisão: " As pessoas votaram no PV considerando as propostas para o governo. Na hora em que o governador do estado abre espaço e concorda com o documento, quem votou no PV vai entender que os compromissos continuam os mesmos". Afirmou.
Ecologia, Política e Cidadania
segunda-feira, janeiro 17, 2011
AMBIENTALISTA DIZ QUE TRAGÉDIA É RESULTADO DE DESRESPEITO À MATA ATLÂNTICA
Tragédias como a que ocorreu nas cidades serranas do Rio de Janeiro são nada mais que o resultado do processo de ocupação da Mata Atlântica. A afirmação é da escritora e ambientalista Anne Raquel Sampaio, que mora no Parque do Imbuí, um dos bairros mais afetados pela catástrofe em Teresópolis.
“Nós não estamos aqui simplesmente sobre o solo de Teresópolis, e sim sobre o solo da Mata Atlântica, um bioma que precisa ser mais respeitado”, diz a escritora. Como muitos cariocas, ela se mudou há 25 anos para a cidade serrana fugindo da violência urbana do Rio e em busca de paz e de contato com o verde. “Na época, o clima era mais frio, e a cidade tinha menos favelas e menos gente.”
Com o passar dos anos, além da favelização, houve uma ocupação maior das margens dos rios, com uma grande devastação da mata ciliar. Anne Raquel, que faz pesquisas sobre a água, alerta para o problema da falta de esgotos na cidade. “Como a maior parte das cidades brasileiras, Teresópolis foi construída às margens de um rio, o Paquequer, hoje um grande esgoto atravessando a cidade. Esse rio às vezes fede, mas a população faz de conta que esse fedor não existe.”
Segundo a ambientalista, a tragédia atual mostra que o risco da ocupação irregular é o mesmo para os pobres e os ricos, já que condomínios de alto luxo e de classe média também foram igualmente atingidos. Ela chama aatenção para o fato de que a propaganda imobiliária desses condomínios não corresponde à realidade.
“Você não pode construir uma mansão sobre uma encosta que é linda, e dizer que aquilo ali é ecológico só porque algumas árvores foram preservadas. Na verdade, aquela área não deveria ser ocupada, nem por mansão nem por ninguém. As pessoas que constroem essas casas sonham com um mundo melhor para elas, mas não param para analisar que esse mundo melhor precisa, antes de tudo, que a gente respeite a natureza.”
É preciso reconstruir a cidade, partindo do princípio de que ela está sobre o solo da Mata Atlântica, que tem características próprias e é responsável pelo abastecimento de água de mais de 80% da população brasileira, diz a ambientalista. “A água precisa caminhar, chegar ao mar. Se agente constrói em cima do caminho da água, ela vai achar esse caminho de uma forma ou de outra.”
Emocionada com tragédia que presenciou, Anne Raquel acha que a solução não pode ser apenas técnica: “a questão ambiental só vai ser resolvida quando a gente olhar tudo isso com o coração, pensar em como impedir que as crianças morram, porque usamos recursos públicos para tudo, menos para cuidar da natureza.”
Autora de seis livros infanto-juvenis baseados em mitos indígenas e focados na temática ambiental, Anne Raquel concluiu a obra mais recente justamente no dia da tragédia, quarta-feira (12). “Na história de Os Filhos da Senhora das Águas, Iara está ficando cega e pede ajuda para enfrentar uma grande tempestade. “O tragicômico é que assim que eu acabei de escrever o livro aconteceu esse desastre horrível.” (Fonte: Paulo Virgilio/ Agência Brasil)
O PROMAR E O SEU IMPACTO
Fonte: Adriana Guarda - JC
A implantação do Estaleiro Promar S.A, no Complexo de Suape, vai provocar pelo menos 33 impactos negativos ao meio ambiente, tanto no período de construção quanto na fase de operação do empreendimento. O resultado está no Estudo de Impacto Ambiental (EIA/Rima) apresentado, ontem, durante audiência pública realizada pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) para discutir o projeto. Realizada no Clube Municipal de Ipojuca, a audiência foi preparada para receber 600 pessoas, mas apenas 200 participaram do encontro, que será o único antes da liberação da licença de instalação para a indústria. As discussões duraram pouco mais de quatro horas.
Depois da apresentação do projeto do estaleiro pelo empreendedor, a consultora Eliane Bryon fez um resumo do EIA/Rima. Na lista dos impactos considerados de alta importância, ela citou a dragagem que precisará ser realizada no local, o remanejamento dos moradores da Ilha de Tatuoca e a perda de renda dessa população remanejada. Como soluções apresentou Planos Básicos Ambientais (PBAs) que serão executados pela diretoria do Complexo de Suape e a construção da vila Nova Tatuoca, que também ficará a cargo da estatal. Como iniciativa do Promar mencionou apenas uma parceria “para priorizar a capacitação, focando a absorção deste pessoal no trabalho”.
A presidente da Associação das Mulheres Pescadoras de Pontezinha, Josefa da Silva, questionou como os pescadores vão se inserir nos cargos da indústria naval e, aplaudida, fez uma defesa veemente da preservação da pesca, lamentou pelo assoreamento dos rios e alertou para o bota-fora oceânico das dragagens que, segundo ela, está sendo descartado em área de pesca.
A dragagem aparece na lista de importância muito alta porque serão dragados nada menos que 20 hectares para o acesso do estaleiro ao mar e no canal entre as ilhas de Cocaia e Tatuoca. Isso vai representar 2,8 milhões de metros cúbicos de sedimentos descartados.
Quando estiver operando, o Promar também poderá trazer riscos como alteração da qualidade da água em caso de acidentes, alteração da qualidade ambiental por conta do manuseio de resíduos sólidos, risco de elevação dos níveis de toxidade do estuário e tantos outros. Para implantar o estaleiro também será necessário suprimir 14 hectares de mangue e 31 hectares de restinga.
PARTICIPAÇÃO
Apesar de não ter lotado o clube, a audiência contou com a participação ativa de pescadores, ambientalistas e moradores da região de Suape. Muitos se inscreveram para fazer perguntas e reclamaram da precariedade das respostas. A consultora Eliane Bryon, que apresentou o resumo do trabalho, demorava a dar as respostas e, para a maioria delas, sugeria que os participantes da audiência consultassem o EIA/Rima, alegando não ser possível detalhar as explicações em função do curto espaço de tempo da audiência pública.
O presidente da ONG Salve Maracaípe, Marcos Pereira, criticou a dificuldade em ter acesso ao documento do EIA/Rima. “O link na internet (no portal da CPRH não abria e as entidades não receberam o documento previamente para fazer questionamentos com maior propriedade”, afirmou. A reportagem do JC também não conseguiu acessar o link na web durante a última quinta-feira – véspera da audiência. A agência respondeu que disponibilizou o documento físico na sua biblioteca e nas prefeituras do entorno de Suape, mas ficou claro que as entidades tinham interesse em recebê-lo previamente. O presidente da CPRH, Hélio Gurgel, contestou que bastava uma solicitação para ter acesso. Ele fez questão de dar um tom político à audiência, lembrando que durante a primeira gestão Eduardo Campos foram realizadas 15 delas, com a participação de 10.189 pessoas. Ele comparou que nos 10 anos anteriores foram apenas 8 audiências. “Isso é resultado de um governo democrático e socialista, que quer ser transparente. É um governo popular, que que ouvir o povo e fazer a coisa de forma técnica, séria e competente”, discursou.
CONTROLE DE ENCHENTES E GESTÃO AMBIENTAL
Fonte: Prof. Djalma Junior
O gestor ambiental exerce um papel fundamental no controle de enchentes no que diz respeito ao planejamento urbano e na aplicação de tecnologia para recuperação de áreas degradadas. Nos municípios atingidos pelas chuvas no estado do Rio de Janeiro, tivemos uma ocupação desordenada que gerou impactos ambientais, trazendo conseqüências negativas como a impermeabilização do solo dificultando o escoamento das águas pluviais, ocasionando enchentes, erosão do solo e arraste dos poluentes para os cursos d água. O gestor ambiental trabalhando em conjunto com outras áreas do conhecimento humano deverá buscar minimizar tais impactos empregando técnicas que aumentem a infiltração buscando a operacionalização de sistemas de drenagem. A utilização correta do uso e ocupação do solo também deve ser feita nesses locais que serão praticamente reconstruídos. Evitar a construção de moradias em áreas ribeirinhas, fazendo com que você perca toda mata ciliar que exerce papel fundamental na absorção da água evitando processos erosivos é imperativo para que não tenhamos novas catástrofes. É preciso uma fiscalização mais eficiente para que se possa cumprir com o que foi determinado no plano diretor das cidades. E por fim a educação ambiental que deve ser promovida no ensino formal e informal das cidades orientando sobre o uso racional da água, os resíduos sólidos e preservação de nossas florestas fazendo que com que tenhamos cidadãos mais conscientes sendo coparticipantes do processo de planejamento sócio-ambiental da cidade.