segunda-feira, outubro 17, 2011

DIA DO PROFESSOR: DIA DE LUTA E REIVINDICAÇÃO

Por Robson Fernando que é autor dos blogs Consciencia.blog.br e Vegetariano da Depressão


Dia dos Professores.

Deveria ser um dia de comemoração, de júbilo. De homenagem àqueles que fazem o possível para nos tornar cidadãos portadores da dádiva do conhecimento. Àqueles que aproveitam os minutos vagos da aula para nos transmitir também sabedoria de vida. Àqueles que se esforçam para nos livrar do véu da ignorância que nos tapa a visão lúcida e conhecedora do mundo. Mas hoje em dia não há nada o que comemorar nesta data.

Isso porque no Brasil o emprego de professor, o qual deveria ser considerado o mais nobre da humanidade, é tratado com hostilidade e vergonha. Pelos governos, municipais, estaduais e federais, que se sucedem um atrás do outro, seja autointitulados de “esquerda”, seja de direita, seja de centro. E também por muitos alunos, que, de tão mal criados por seus genitores ou responsáveis, não aprendem em casa a respeitar o próximo, nem mesmo seus mestres das escolas.

Os professores do ensino básico público brasileiro têm à sua disposição uma pobreza de material multimídia, submetem-se a jornadas de trabalho duplas, têm que fazer das tripas coração para ensinar em salas insalubres e sem infraestrutura, não conseguem ir além de um método de ensino convencional e ineficiente, e ainda muitas vezes são agredidos e ameaçados por seus próprios alunos, que, diante de uma represália do educador ou uma nota baixa, partem para a violência verbal e/ou física.

E ainda por cima recebem salários de fome. Remunerações básicas que às vezes são menores do que o salário de um coveiro de cemitério. Nas escolas públicas e também nas privadas, são empregados por concursos públicos de nível superior cuja remuneração inicial é menos da metade do salário de um técnico-judiciário de tribunal só com ensino médio completo. E têm que trabalhar na perspectiva de, no auge da carreira, na titulação máxima, depois de anos de dedicação, ganhar ainda menos que esse mesmo técnico-judiciário no primeiro mês de trabalho.

Não é à toa que o Consciencia.blog.br vem recebendo, desde o ano passado, desabafos e mais desabafos de professores desiludidos, decepcionados, arrasados com a situação lamentável em que se encontram em sua carreira. Muitos desejam fortemente ou já pensam em mudar de profissão. Porque o emprego mais nobre do mundo é no Brasil o mais vergonhoso, o mais tratado como pária.

Por isso eu e milhares de professores do Brasil somos obrigados a dizer: o Dia dos Professores não é dia de comemoração. É dia de luta, de reforço nas reivindicações que já fizeram dezenas de aniversários. É dia de relembrar que o professor neste país é discriminado pelo poder público, e que só com luta há esperança de o emprego de professor adquirir alguma dignidade extrínseca, que recupere também a dignidade intrínseca a essa profissão.

Portanto, fica a convocação. Dia dos Professores é dia de levantar a bandeira e lutar contra esse sistema público-privado que trata o professorado como animais de pecuária. Desejo profundamente que os próximos Dias dos Professores sejam como os Dias da Independência: que tenham o seu Grito dos Excluídos. O Grito dos Professores Excluídos.

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