terça-feira, dezembro 20, 2011

IMOBILIDADE URBANA

Vou nesse meu artigo falar um pouco sobre as dificuldades do transporte público em nosso país. O transporte público das grandes metrópoles brasileiras, quando comparado a cidades de países desenvolvidos ou mesmo a algumas cidades de países emergentes, apresenta significativas diferenças organizacionais e gerenciais, defasagens tecnológicas e distorções sócio-econômicas.

Cidades como Barcelona, que possui cerca de 6 milhões de habitantes, tem um sistema público de transporte público extremamente organizado composto por metrôs, trens suburbanos e regionais, veículos leves sobre trilhos(bondes elétricos), ônibus turísticos e urbanos e táxis. É um sistema gerenciado por uma única entidade que utiliza um sistema de integração por bilhete único que permite fazer transferências no período de uma hora e quinze minutos. De forma complementar existem corredores exclusivos para ônibus e táxis, ciclovias demarcadas, estacionamentos subterrâneos e sinalização sincronizada. Não há de forma alguma transporte alternativo, pois a demanda por transporte de qualidade é atendida pelo poder público sem falar que há segurança dentro e fora do sistema e os horários são respeitados.

Nesse momento você me questionar com a seguinte argumentação: Ah, mas Barcelona pertence ao primeiro mundo, cultura avançada, etc. Concordo, mas eles tiveram que começar a construir esse sistema e avançar de forma gradativa até o estágio atual. E por que será que cidades da Europa e dos EUA possuem ótimos sistemas de transporte público? Os países europeus perceberam que o transporte público é fundamental para a qualidade de vida as pessoas. Em alguns países emergentes como Cidade do México, Santiago do Chile e Bogotá os governos perceberam que o sistema público eficiente pode trazer qualidade de vida às pessoas, aquecer a economia através das exportações e desenvolver o grande filão econômico que é o turismo. Eles possuem uma malha metroviária mais extensa e qualitativa e sistemas de transporte público mais competentes que os de grande cidades brasileiras como Rio de Janeiro e São Paulo.

No Brasil temos um sistema público de transporte e péssima qualidade, necessitando de investimentos em sistemas de integração, melhoria da imagem perante a população, pois está associada a congestionamentos, poluição, desconforto, insegurança e atrasos. Somado a esses fatores temos um alto custo das tarifas dos transportes inviabilizando muitas pessoas a ter acesso ao sistema gerando problemas sociais (favelização, aumento dos moradores de rua,etc.) .

Há praticamente um consenso entre os especialistas que a solução para a melhoria do transporte público do país está relacionada ao investimento em metrôs, corredores de ônibus e uma maior oferta de ciclovias em nossas avenidas. A carência do nosso transporte público reforça a exclusão da população pobre e incentiva as viagens de automóveis de quem os possui, trocando às vezes viagens curtas a pé e de bicicleta por locomoções de carro. Isso aumenta a poluição do ar, aumenta os engarrafamentos e também causa o sedentarismo, pois as pessoas se prendem ao volante sem praticar nenhuma atividade física. Vivemos numa cultura totalmente dependente do automóvel e se continuarmos nesse ritmo, caminha-se para uma imobilidade urbana se não houver investimentos em transportes não-motorizados e públicos.

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